O melhor da antiguidade e modernidade nas construções.
Quando o assunto é a preservação e atualização de construções antigas, a ferramenta ideal para isso é o retrofit. Em tradução livre essa expressão significa colocar o antigo em forma, a ideia é melhorar as instalações mas sem perder a arquitetura histórica, já que o objetivo dessa técnica é modernizar o espaço corrigindo os problemas de infraestrutura o tornando mais seguro.
Este processo é baseado em projetos que mantêm os mesmos conceitos, mas com aplicações de novas soluções, tecnologias e materiais de qualidade disponíveis na atualidade que são aplicados em atualizações que podem incluir instalações elétricas, fachadas, estruturas, hidráulicas inclusive até os revestimentos fazem parte desse desafio. Esta prática começou como uma forte tendência na Europa pela grande maioria das casas terem essa estrutura histórica, mas que logo se espalhou pelo mundo para atender a mesma necessidade de transformar e adaptar as edificações que já existem.
Retrofit entre a arquitetura e engenharia
Os retrofits estão definindo o conceito do que é a arquitetura e engenharia contemporânea, esse método inclui até a reutilização adaptativa de instalações obsoletas com a premissa de sustentabilidade, mas que ao mesmo tempo reforça a identidade cultural das cidades. Entretanto, trabalhar com esse recurso não é simples, exige uma demanda em investimentos de mecanismos que não vão perder o estilo arquitetônico indo além da estética adequando as legislações vigentes, sendo este um dos pontos mais importantes se pensarmos nas mudanças das leis desde que o prédio foi construído.Apesar de parecer burocrático, adequar essas construções é a melhor maneira de manter a vida útil desses lugares no cenário atual, com uma versatilidade por ser aplicado em várias partes da construção para trazer conforto, segurança, regularização de imóvel, redução de custos e um dos processos mais solicitados da aplicação desse serviço é nas fachadas.
O retrofit de fachada é a renovação parcial ou total para adequar as condições internas ambientais, repaginando a alvenaria, fundação e acabamento interno ou externo e assim por diante; estas alterações são feitas para melhorar o conforto térmico e reduz bastante o consumo de energia deixando o ambiente com uma estética totalmente natural. Isso ainda pode incluir trocas de pastilhas e janelas, tratamento de fissuras e o mapeamento das falhas a fim de transformar o lugar sem abrir mão das características originais.
Valorizando o passado
A maior vantagem do retrofit é em especial para as grandes metrópoles, sendo capaz de modernizar a região gerando a sensação de prestígio e satisfação na população local, dando a possibilidade de dar uma nova forma e função às construções que poderiam estar abandonadas. Isso indica que depois que casas antigas e históricas ou até praças quando são revitalizadas, elas podem ser inseridas num papel social como o lazer para os moradores da região.É necessário aplicar o retrofit com urgência quando os gastos de manutenção ficam muito altos ou o tempo de serviço das instalações chega ao fim, outro ponto importante também é se adaptar às normas atuais como as demandas sustentáveis e ao acesso para pessoas com necessidades especiais. Essas adaptações precisam ir além da aparência, por serem ideias diferentes de reforma, porque apesar das adequações nenhuma delas altera a memória da instituição, um preço que vale a pena ser gasto em mão de obra especializada por envolver grande área das cidades.
Este caráter de manter o espaço da memória viva e presente, para funcionar deve estar inserido nos detalhes com a finalidade de entregar alto nível de semelhança e o mínimo de erros. O caminho para produzir um retrofit precisa incluir os elementos indispensáveis para preservar e definir os cuidados, como a paleta de cores e elementos que já existem e precisam ser mantidos ou conversar com os novos itens.
Cuidados na hora de produzir
Para ter uma dimensão dos resultados antes de começar é recomendável fazer uso de softwares, que já são muito aplicados na produção dos projetos. Um dos mais famosos da categoria o Building Information Model ou BIM que já garante a eficácia do modelo 3D nas obras, desenvolvendo até o 4D em algumas empresas que em casos como esses é o mais indicado pelo alto grau de precisão por contar com uma biblioteca que incorpora todas as informações e especificidades de um produto direto no esboço garantindo uma visão mais realista com medidas corretas num todo.Renders ultra realistas são excelentes ferramentas para dar conta do serviço, com a mesma opção de visão do modelo ainda com a possibilidade dos profissionais envolvidos aplicarem o 2D, para já desenhar a melhor maneira de como o monumento ficará após o retrofit. Seguindo para as etapas práticas das edificações são iniciadas na demolição controlada, passando para o reforço estrutural por ser um ponto delicado da elaboração para só assim começar o fechamento da parte interna. Continuando para a substituição ou modernização da parte elétrica, telefonia, os dados, hidráulica e ar condicionado não ficam de fora mais a finalização dos acabamentos que ficam na responsabilidade dos revestimentos e fachadas dando vida a construção que já até pode até ter ficado inativa.
Retrofit pelo Brasil
Assim como isso está presente em muitos países, acontece no Brasil, alguns de nossos monumentos históricos passaram por essa renovação sem abrir mão das memórias e história dos ambientes, sendo uns até famosos realizados por mão de grandes nomes da arquitetura e engenharia brasileira, o que chega a ser um crime deixar para trás essa história.A Pinacoteca do Estado de São Paulo é o maior exemplo nacional que temos construída por volta do século 19 e com o projeto de retrofit por Paulo Mendes da Rocha, onde mesmo com a planta rígida da época, conta com mudanças de uma nova rede elétrica, espacialidade interior, um ótimo reforço estrutural, elevadores essenciais para acessibilidade e telhados com vidros para aproveitar iluminação natural do local, trazendo de volta o uso do prédio para cultura como um museu de arte.
O próximo da lista é o Hotel Fasano localizado em Salvador, antigamente conhecido como sede do Jornal a Tarde é considerado como um dos mais famosos prédios para hospedagem em todo o Brasil. O prédio foi criado em 1930, teve sua estrutura recuperada e memória preservada pelo grupo Fasano, sendo hoje um dos estabelecimentos mais queridos do país e para o mundo quando o assunto é hospedagem.
A sua revitalização foi necessária especialmente para que o hotel receba os visitantes de maneira aconchegante e segura, integrando a cultura e gastronomia local como ornamentos para o edifício no centro histórico.
Farol Santander, inaugurado em 1947 como antigo Edifício Altino Arantes, também passou por reformas que preservaram seu aspecto arquitetônico em art déco. Reformulado e reaberto em 2018 para receber diferentes visitantes que vão visitar as exposições do espaço e mesmo sua arquitetura contemporânea.
A reforma durou cerca de dois anos e revitalizou tanto a fachada como também o ambiente interno do prédio, no centro histórico de SP explorando a dimensão de cultura por toda a torre além do mirante.
O primeiro arranha-céu construído na cidade de São Paulo é o Edifício Martinelli, tombado como um dos principais patrimônios históricos e cartões da localidade. O projeto de revitalização do Paulo Lisboa traz soluções modernas em contraste com a história do edifício como espaços integrados, sistema de climatização, qualificação de pavimentos, estruturas de cabeamento e nova iluminação para espaços de trabalho para a jóia da arquitetura paulista.
O ponto de encontro Sesc Pompeia, em São Paulo, foi projetado por Lina Bo Bardi que transformou antigos galpões de uma fábrica de tambores em uma das mais belas unidades de lazer e cultura do SESC. O projeto de restauração e revitalização durou 5 anos já que a arquiteta teve como foco o conceito do restauro crítico, que busca atualizar a construção, e não simplesmente refazer a edificação em seus moldes completamente originais.
Nesta concepção, recuperar e preservar a antiga fábrica numa visão adaptada aos dias modernos, com conceitos novos na democratização de espaços, preservação de elementos históricos até os latões de lixo são referência aos tambores.
O Estádio do Maracanã feito no Rio de Janeiro também está na categoria, aliás foi um dos mais prestigiados e recebeu prêmio do AR Future Project Awards 2013 na categoria “Retrofit”. Revitalizado para receber os jogos na Copa do Mundo de 2014, o estádio havia sido construído nos anos 50 e o trabalho de Retrofit foi feito pelo grupo Fernandes Arquitetos Associados, mantendo as prioridades na modernização das estruturas, preservando as características marcantes do estádio – que é protegido pelo patrimônio histórico.
Por último mas não menos importante, o Edifício Galeria no Rio de Janeiro, construído nos anos 30 e revitalizado pela empresa Tishman Speyer, é uma das instalações que mantêm a herança cultural e a modernização para ser um dos melhores edifícios corporativos pelo reforço das fundações, restauração das fachadas e implantações tecnológicas como um destaque na arquitetura tradicional carioca.
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